quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A minha cruz...

A pedido de várias famílias passo a descrever a minha rotina diária, para que não pensem que isto é só lazer:

De 2ª a 6ª

07h00 – Alle ups, alvorada, grua para sair da cama, guindaste para me levar até ao duche e mal entro no WC já sei o que vai ser o almoço da vizinha, é que o nosso WC dá para um pátio/cozinha da casa do lado e a senhora faz comida para fora em quantidades industriais por isso começa +- às 06h30 - 07h00 a cozinhar. Já quase que dá para saber a ementa conforme os dias da semana, à 5ª é bacalhau e à 6ª feijão/grão algo do género. No outro dia era pato ou galinha, se o bicho lá chegou vivo, isso não sei, agora que o bicho foi depenado e chamuscado e outras coisas mais isso o meu nariz sabe que aconteceu. Nota explicativa: A casa tem janelas e vidros, mas por norma no WC ficam fechadas apenas as portadas laminadas exteriores.

07h45+-08h30 – O reencontro com a cidade/trânsito/confusão e tudo e tudo e tudo...
O pequeno trajecto de +-3km pode demorar entre 5 a 45 minutos e pelo que dizem quando começar a chover a sério este percurso pode mesmo ser impossível de realizar, porque os buracos que por enquanto só fazem alguma moça aos amortecedores passam a engolir o carro por completo. Pelo caminho vamos encontrando os mais diversos cenários, desde a relativa normalidade do nosso bairro, ao acesso há zona dos palácios, o trazan debaixo da palmeira desde o 1º dia que aqui cheguei (nome artístico dado por nós, a um tolinho que vive num jardim e que traja uma tanga/farrapo igual ao tarzan), a zona dos palácios com um aspecto completamente europeu, bons arruamentos, jardins, boa iluminação. A passagem a serpentear tipo candongueiro para ver quem consegue meter a frente nos cruzamentos, passar o sinal vermelho para atravessar a estrada e começar a subir até às Ingombotas. Pela rua fora tentaram-me vender pelo vidro “fechado”, canetas Mont Blanc, relógios Diesel, óculos Ray Bantes, cruzetas, escovas para o carro, tapetes, material de escritório, jornais, pão, peixe, carregadores de telemóvel, telemóveis, sapatos, camisas e gravatas, secadores, ferros de passar, ventoinhas, há mais, mas já estou farto de escrever.

08h30 – 12h45 – Labuta para ganhar o kumbu para a pápa.

+-12h45 +- 14h00 – Almoçarinho numa casa aqui do outro lado da estrada, onde moram outros expatriados.

14h00 +-19h30 – Mais kumbu.

+- 20h00 +- 20h30 – O percurso inverso com as mesmas makas mas completamente de noite.

20h30 – 22h30 Devorar a janta e aterrar no sofá, botar conversa fora ver os telejornais da SICN ou RTP, tentar manter a pestana aberta até às 22h30 e em ocasiões especiais até ver um filme nos TVC.


Fim de semana (isso já conhecem)

Praia na Ilha, Praia em Cabo Ledo, Praia no Mussulo, dar uns giros e espalhar algum brilho.

ps: vou tentar ilustrar este post com fotos dêem-me tempo, tá!

4 comentários:

Barbara disse...

=)
Gostei das descriçoes... lool
Xeira-me que ja tas a começar a falar como eles... loool

TRE disse...

Cara Barbara em Roma sê Romano, de facto este Português temperado com Jindungo até dá um certo gosto, principalmente pela novidade. Bem vinda e aparece mais vezes...

Anónimo disse...

bom descritivo, mas resta a dúvida no fim... quando é que trabalhas? :) tadinho!! acabei de chegar do nosso "bairro alto", ao mais alto nível, vamos tentar ilustrar as noites daqui ;)

TRE disse...

Eu compreendo que depois de uma noite de comemorações bem merecidas en El Barrio, isso não funcione da mesma forma.
Mas qual foi a parte do ganhar kumbu para a pápa que não percebeste?
Quando chegar mostro as chagas, bolhas, calos, para ver se assim acreditas e ficas sem dúvidas ;-)