segunda-feira, 24 de março de 2008

Barra do Dande






Em "auto-estrada" até à Barra do Dande, como vêm aquele troço é claramente asfaltado, ou melhor, já foi à 40 anos, o outro é uma pequena picada até à praia, pelo caminho são comuns alguns destroços de outros tempos, mas ao chegar ao destino, todas as mazelas, dores de costas provocadas pela Nissan Hardbody (em Portugal "Navarra" pobrezinha não sei como é que ela aguenta), todas as preocupações desaparecem no areal que nunca acaba, nos milhares de palmeiras e na água do mar quentinha (nesta altura algo barrenta devido ao rio que aqui desagua vir com pouco caudal).

Caxito - Barragem de Mabubas





Quando o calor aperta...quando a higiene diária assim o exige!






O mar, um rio, um charco, um esgoto... na verdade qualquer coisa serve.
Se tem gente é porque tem água, se tem água tem definitivamente gente.

segunda-feira, 17 de março de 2008

sexta-feira, 14 de março de 2008

Ai, a minha vida...!

Lembram-se da história da compra das máscaras na feira de artesanato do bairro de benfica, certo?

Pois é, não é que agora este mambo (assunto) está a dar maka (problema)! Passo a explicar...

Aqui na tchamjada, para sair do país com artesanato é preciso colocar uns selos e carimbos (100kz = 1euro) num organismo qualquer, acho que é no ministério das relações exteriores ou algo do género.

Pedi a alguém que se mexe melhor nestes meandros burocráticos para tratar do assunto, levou as minhas máscaras e outras coisas de outras pessoas (um jogo de xadrez, estátuas do pensador, máscaras e outros berloques).

Os gajos carimbaram e selaram tudo, excepto, o quê??

AS MINHAS MÁSCARAS...

Qual foi o argumento para não o fazerem?

- Ais maiscara foi roubada em museu.

Mas qual museu qual quê???? Aquela cangalhada estava numa palhota qualquer, porque ainda cheiram a fumo, porque até me empestaram o quarto com um cheiro terrível. Algumas são de facto antigas ou meio escavacadas mas uma ou outra foi acabadinha de fazer.

O pior, para além de não colocarem o selo, ainda queriam ficar com elas, tiveram que ser arrancadas há força do balcão e parece que chegou mesmo a haver "molho".

Para meu infortúnio tenho que ver como resolvo isto, nem que para tal tenha que pagar uma ou outra gasosa. Mas sem máscaras não fico.

Dassss ele há coisas....

Bom fim de semana

quarta-feira, 12 de março de 2008

Lagostas do Cacuaco



07h00 - Domingo - Expedição Lagosta, para variar, trânsito, trânsito, trânsito e mais trânsito, para fazer +- 25 km em direcção ao Cacuaco, demorei +- 2 horas.

Missão: comprar lagostas, camarão e peixe fresquinho.

Fomos buscar a entendida na matéria , amiga de uma amiga, que tem uns amigos, tão a ver certo? Conections

Chegamos à praia, 500, 1000 pessoas em volta de um barco a puxar redes, desorganização organizada, uma voz de comando e aquilo até funciona dentro de alguma normalidade.

Peixe e marisco de todas as espécies, salpicos, areia para os olhos, encontrões.

Processo de venda: não existe balança, é tudo a olho e no caso das coisas mais pequenas à tigela/bacia.

+- 4kg Camarão algo pequeno 2000 kz (20 euros). (não me pareceu grande negócio, pelos vistos não é tempo de camarão... mas uma das moças estava grávida e com desejos, não queria ser responsável por uma criança com cara de camarão)

Sardinha com um tamanho enorme (sardinha mutante) mais parecia pescada nº5, nunca vi sardinha assim... ainda não provei, não sei como é de sabor. (também o carapau é enorme comparado com o nosso, outra coisa curiosa é o facto do atum fresco ser super barato, o pessoal normalmente não compra)

Vamos ao que interessa AS LAGOSTES

Fomos a uma palhota de uns pescadores negociar as lagostas, eles fazem o negócio e depois vão num instantinho ao mar ver as armadilhas/redes e trazem tudo fresquinho bem vivinho a saltitar. Dissemos que queríamos lagosta pequena +- 4kg , o preço depois de alguma luta ficou pelos 1000 kz (+-10 euros). Eles lá trouxeram as lagostas ficámos com +- 7kg, +- 18 lagostas, aqui ainda é normal depois de tudo, negociar "ais quebra", é tipo o resto que sobra para alem do que queres trazer, no nosso caso foram mais 3 lagostas mas mais pequenas.

Almoço para 4 pessoas, lagosta de todas as maneiras e feitios.

Objectivo: comer como se não houvesse amanhã.

Resultado: dor de barriga, nada de mais, de qualquer maneira valeu o facto de me ter lambuzado. É a gula senhores, é a gula...!

terça-feira, 11 de março de 2008

Kimbundu

O Kimbundu pertence ao grande grupo de família das línguas africanas designadas por "Bantu" , significa pessoas, o plural de "muntu", pessoa. O Kimbundu ainda é falado por muitas pessoas em toda Angola. Chamamos de kimbundu, ou língua de Angola, por ser a língua geral e mais falada no antigo reino de Ngola e ser a primeira a ser estudada e traduzida pelos Europeus.

Aqui ficam algumas frases:

Kiami kandandu, kia muxima kamba - O meu abraço, amigo do coração
Kima kiki kiame - Isto é meu; lit. Esta coisa é minha
Kizua kiazele - Dia claro; lit. O dia está claro.
Kuta xiri - Ta xiri - Ter esperança.
Trengo - Terengo - Acanhado, idiota; indivíduo maçador.

Fogo Negro

Meu acto de fé…
No kapussoka: a travessia.
Meu destino: muxima ué.
Nunca eu ouvia
A canção da kianda ao anoitecer
(Mambos por resolver),
Até me arrancares
Do peito esse maboque
E me curares
Com o teu toque.
Meu milongo ardente…
Minha boca fica aberta, abuamada.
Tuas pálpebras acenam, lentamente.
Boca aberta… boca calada,
Pois teus olhos falam mais alto.
Meu sobressalto…
Ondalu negro. Veludo,
Semba, magia esquecida.
Porque hoje me deixas mudo
Dás-me a voz ontem perdida.
Minha vida…
Preta…Ngueta…Nosso dilema.
Que as barreiras se desfaçam
Quando as nossas línguas se abraçam
Num beijo ou num poema.

Jeitos e trejeitos da língua Kimbundu:

Kapussoka – Barco que faz a travessia de Luanda para o Mussulo
Muxima ué – Teu coração
Kianda – Sereia
Mambos – Assuntos
Maboque – Fruto ácido
Milongo – Remédio
Abuamada – Espantada
Ondalu – Fogo
Semba – Uma dança
Ngueta – Pessoa de raça branca

Por TheVlad - www.escritacriativa.com

segunda-feira, 10 de março de 2008

Feira de Artesanato Bairro de Benfica - Luanda

07h00 - Sábado - Feira de artesanato em Benfica, trânsito, trânsito, trânsito e mais trânsito, para fazer +- 20 km demorei +- 3 horas.

Cheguei, ufa, a feira é um sítio onde gente de todo o lado se reune para vender as suas obras (Angola, Congo, Zaire, Namíbia), dá para encontrar de tudo e nos mais diversos tipos de madeiras (pau preto, pedra, sabão, o famoso o tál de cabinda, etc), jogos de xadrez, estátuas, mesas trabalhadas, telas e máscaras as minhas preferidas, o assédio é constante, és completamente rodeado, perseguido mesmo, basta colocares os olhos em alguma coisa numa das bancas esse tipo já não te larga. A minha procura pela bela pechincha começou, vi uma máscara logo na primeira banca que gostei, perguntei o preço e o "artista" disse de boca cheia:

- Meu cota, meu camba (meu amigo, companheiro, algo assim) preço barato 8000 Kz (80 euros)

- Quê???? Dassss, porrr***, tás a gozar comigo, como é então você????? Eu sou muito angolano, sou pula mas a mim não me enganas. (isto sou eu a falar com sotaque e a praguejar ao mesmo tempo para parecer cá da terra)

- Meu cota, leva mais que uma eu faz bom preço, eu faz 8000 kz por duas máscaras.

Ok, bastou um exclamação e já era metade do preço, não estava a correr mal, eu sempre a andar e o gajo não me largava.

- Ouve deslarga-me que eu vou ver o resto da feira, já falamos mais.

Cheguei a outra banca onde vi máscaras mais do género que eu procurava (velhas, antigas, sujas, encardidas mesmo, com terra e a cheirar a fumo), lindas de tão feias, tão a ver, certo?

- Meu cota, quanto valem as máscaras?

- Vali 3000 kz, as grandi.

- Quê???? Dassss, porrr***, tás a gozar comigo, como é então você????? Eu sou muito angolano, sou pula mas a mim não me enganas. (a mesma cassete)

- Quanto quer ofiriceri????

- Bem eu quero levar 5 máscaras se me fizeres 1000 kz, cada.

- Ai pouco dinheiro não podi ser, artista perde dinheiro, não tem como e tal e coisa.

Eu comecei a andar...

- Padrinho, padrinho, vem, vem, faz 5000 kz 3 máscara.

- Não assim não!

tic tac tic tac tic tac

- Pronto então faz 5 máscara 6000 kz, para ajudar o artista, para poder trabalhar com material milhor.

- Ok, Vado (nome do artista) mete aí isso num saco, mas ainda vais dar uma das mais pequenas de oferta?

tic tac tic tac tic tac

E ele lá ofereceu uma pequena até bem gira.

Com isto tudo, já eu estava depenado em 6000 kz (60 euros), nem sequer acho que fiz grande negócio isto porque algumas das máscaras são mesmo rústicas, menos vendáveis, normalmente as pessoas compram aquelas todas brilhantes e envernizadas, com mais um quarto de hora de conversa tinha baixo o preço.

Lá vou eu para o carro e quem aparece, o "artista" da 1ª banca, com um saquinho na mão com a máscara, a dizer que eu lhe tinha prometido que comprava.

1º - não tenho dinheiro kuanzas, só alguns dolars
2º - a máscara era bem bonita, mas limpinha de mais para o meu gosto
3º - a insistência e a perseguição foi tanta que não me apetecia comprar aquele tipo

- Como é broxo (esta é outra para amigo) não tenho kuanzas, tenho aqui 20 dolars (14 euros) aceitas? É pegar ou largar, vou entrar no carro para ir embora, tu pediste muito dinheiro e eu fui comprar a outro lado.

- Ok meu cota leva lá a máscara, na próxima vez compra outra na minha banca.

Missão cumprida, mais umas horas e estou em casa para almoçar, lanchar ou quiçá a tempo de jantar.

terça-feira, 4 de março de 2008

Ok, admito...!

Ok, admito, tenho saudades... da família, dos amigos e especialmente da minha neguinha. Sinto alguma falta do frio, da mantinha no sofá, da minha televisão, da neve, do snowboard. Das comidinhas, da limpeza, do silêncio, da minha cama, de abrir o meu frigorífico, do sol de inverno na esplanada da Saccor. Falar ao telefone sem pensar na conta, da velocidade da internet, da FOX, das conversas de bola e gajas e não por esta ordem.

Ok prontos, pá... admito tenho SAUDADES.

Apesar de tudo, gosto de Luanda, do sol, dos 33º, da loucura do trânsito, da praia, do verão fora de tempo, das pessoas. Gosto o suficiente para ficar por mais uns tempos.

A todos, beijos e abraços.