Estou neste momento a minutos da terra que me viu nascer, é dia 19 de Dezembro, 11h56, parti de África ontem dia 18 às 22h00, oito horas de avião depois, quatro de comboio e outras tantas de check-in e múltiplas esperas, vejo agora mais perto a esplendorosa Serra da Estrela a espreitar por cima da não menos bonita Gardunha.
Esta viagem de comboio apesar de ser algo penosa pelo cansaço acumulado, deixa sempre em mim um enorme sentimento algo difícil de descrever. Fiquei envolvido num absoluto espírito de contemplação. Ver as cores que por esta altura vão caracterizando a paisagem ao longo da linha da Beira Baixa, é absolutamente magnífico.
Se o início da viagem me cativa pelas coisas que são apenas diferentes de Luanda, apesar de antigamente não reparar em certos pormenores e dos anos e anos de atentados urbanísticos, reparo agora que mesmo na confusão urbana da área metropolitana de Lisboa se encontra limpeza e algum sentido de arrumação, já em Luanda salta sempre à vista o pó, um laranja constante, o caos, a imensidão, a densidade de pessoas, casas e carros.
De seguida a paisagem muda para o deleite do verde ao longo do rio Tejo, atinge o seu auge de brilho e cor lá para os lados de Abrantes e Ródão. Muda novamente para o que me fez começar a escrever este post, a recordação das cores do percurso Castelo Branco, Fundão e Covilhã, são para os meus olhos um verdadeiro encanto, as tonalidades castanhas das folhas que resistiram ao Outono, os diversos verdes, a emoldurar um cenário pintalgado de apontamentos vermelhos, dos ramos nus das cerejeiras e de algum amarelo das laranjas de inverno, a cor do granito, as encostas de oliveiras, tudo isto fez-me recordar as memorias de infância. Não sei se me encontro num estado nostálgico por ter deixado para trás o meu amor, que espero que comece bem depressa o interminável percurso Luanda > Covilhã , ou se é já o espírito saudosista lamechas de estar a chegar a casa e ver a minha família recentemente aumentada, com o nascimento do nosso menino Jesus deste natal, o priminho Guilherme.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
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