terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Alambamento


A grande maioria da sociedade tradicional angolana, tem como figura principal a mulher. É ela que trabalha a terra para sustento da família e gera os filhos que dão continuidade e poder ao clã. Ou seja eles são uns lambões e elas é que andam na labuta de sol a sol com os putos às costas. Por este motivo a saída da mulher da casa dos pais para a casa do marido, constitui para aqueles a perda de um precioso elemento de trabalho e, como tal eles merecem ser compensados por tal perda. Na realidade o Alambamento é a cerimónia para marcar a data do Casamento, o pedido à família da noiva. Na altura em que o noivo pretende pedir a mão da noiva em casamento, a família da noiva, geralmente os tios e tias, juntam-se e elaboram a carta do pedido.

O que é então a “Carta do Pedido”?
Trata-se de uma lista elaborada pelos tios, onde consta uma relação de coisas que o noivo tem de “comprar” para oferecer à família da noiva, como indemnização pelos gastos feitos com ela desde o seu nascimento até ao dia do casamento.
Basicamente é um dote que representa um bem valioso porque quanto maior o pagamento, maior prestigio terá a noiva. Nesta lista constam coisas tão originais como, o fato para o pai da noiva, fatos para os tios, panos para as tias, cerveja, vinho, gasosa, cabrito, boi e ainda dinheiro que pode variar entre as poucas centenas e os milhares de dólares. Este valor pode ainda ser superior, caso o noivo tenha saltado a janela... Saltar a janela significa que a noiva engravidou antes do casamento e claro, é justo que o pedido seja reforçado.

Na altura da entrega da carta do pedido, é marcada uma data para que o noivo possa voltar com o pedido feito, ou seja, com tudo o que consta na carta. De realçar que na altura da entrega do pedido, nem a noiva, nem o noivo assistem à entrega do mesmo, deixando esse trabalho para a família (pais e tios dos noivos). Cabe aos tios da noiva, conferir a entrega com o pedido que foi feito. Só depois de verificarem que está tudo em conformidade, é que o noivo é chamado à cerimónia, para que se inicie a marcação da data do casamento. Nesta altura o noivo é trazido às cavalitas por uma das tias da noiva, e à medida que vai passando pelos panos das tias estendidos no chão, tem de ir deixando dinheiro em cada um deles.

Isto é sempre a deslargar bué kumbu... Para além de não estar a ver a Ti Belita a alancar comigo às carrapichas!!!

Agora já só falta a noiva aparecer. Onde estará?
As tias geralmente dizem que está longe, muito longe e que precisam de dinheiro, muito dinheiro, para o candongas a ir buscar. Tretas, balelas. Está sempre ali por perto, normalmente no quarto ao lado, é mais uma artimanha para explorar o pobre coitado.

Aviso à navegação, pensem muito bem antes de dicarem uma angolana…

Depois do noivo largar mais uns kuanzas para o táxi, lá chega a noiva à sala, dando-se finalmente lugar à marcação da data do casamento. Escusado será dizer que esta cerimónia acaba com grande festão regado com o vinho, as cervejas e a comida que o noivo acabou de oferecer.

Só para perceberem a importância que este ritual tem na sociedade angolana, uma das marcas mais famosas de vinho em Angola está a usar o ritual do Alambamento num filme publicitário. Tá bem esgalhado, sim senhor, acredito que as vendas melhorem.

ps: agradecimento ao Conde de Angola pela inspiração.

domingo, 25 de janeiro de 2009

433º aniversário de Luanda


Luanda comemora hoje o seu 433º aniversário desde que ascendeu à categoria de cidade em 1575. É a maior cidade e capital de Angola. Localizada na costa do Oceano Atlântico, é o principal porto e centro administrativo de Angola. Tem uma população de aproximadamente 4,5 milhões de habitantes (estimativa da ONU em 2004).

Fundada em 1575 pelo explorador português Paulo Dias de Novais, com o nome de São Paulo da Assunção de Loanda. Em 1618, foi construída a Fortaleza de São Pedro da Barra, tendo mais tarde, em 1634, sido construída a Fortaleza de São Miguel.

A cidade é o centro administrativo de Angola desde 1627, excepto no período 1641-1648 quando ficou sob o domínio dos holandeses, sendo recuperada para o domínio de Portugal por Salvador Correia de Sá.

Luanda chegou a ser um importante centro do tráfego de escravos para o Brasil. Em 1889, o governador Brito Capelo inaugurou um aqueduto que forneceu à cidade de água, anteriormente escassa, abrindo caminho para o grande crescimento de Luanda. Em 1872, Luanda era considerada a “Paris de África”.

A capital angolana situa-se numa região semi-árida e árida do litoral, de clima tropical quente e seco, com uma estação chuvosa de seis meses mas com pouca precipitação. A estação seca ou de cacimbo é bastante curta, sendo os meses de Julho e Agosto os mais frios do ano.

Luanda, com uma superfície de 2.417,78 km2, situa-se no litoral de Angola e é composta pelos municípios da Ingombota, Maianga, Rangel, Sambizanga, Cazenga, Kilamba Kiaxi, Samba, Cacuaco e Viana.

Como não podia deixar de ser, um feriado é para se aproveitar, embora tenha sido a um domingo, fui apanhar um escaldão à praia dos surfistas em Cabo Ledo. Um dia de sol tórrido, muito show de bola na areia e um final de tarde de sofá no relax. Ai!!! Mais uma segunda-feira de labuta, está aí a chegar...!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Parabéns Treangolando

Hoje estamos de parabéns. Faz precisamente um ano que iniciei esta aventura além mar.
Poderia aproveitar a efeméride para fazer uma balanço anual, os prós e os contras, as coisas boas e as más, mas penso que aos poucos, de post em post, tenho retratado um pouco da minha vida aqui em Angola, penso que dá bem para notar à distância o estado de espírito e o que me faz continuar. Para quem não percebeu nada do que disse anteriormente, o que quero dizer é... Isto é porreiro pá!

Parabéns a nós. Felicidades para nós... todos!

Voltei, voltei, voltei de lá...


Ainda ontem estava a jantar um belo bacalhau entre amigos nas Penhas da Saúde, Serra da Estrela, onde na rua estavam 7 graus negativos, da janela só se via o branco da neve tanto na serra como na cidade, estava uma lua cheia que hipnotizava e por pouco conseguia mesmo, prender-me à cadeira e à cidade da Covilhã.

O que tem que ser tem muita força, agora estou cá, estou de volta com uns belos 30º e voltei para trabalhar, comer funge e ir à praia. Para rever os amigos, aqueles que fazem que o tempo passe mais depressa e de forma mais agradável, aqueles que ajudam a amenizar as saudades dos que lá ficaram, do amor, da família, dos outros amigos e mesmo de alguma coisa ou outra.

Aos que estão nas Tugas, mil desculpas pela pouca atenção dispensada. Aos que estão cá... CHEGUEI...!

Abreijos a todos.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009